sábado, 26 de fevereiro de 2011

Saarbrücker Zeitung - 2.2.2011 - Auf den Spuren der deutschen Brasilien - Auswanderer

Relato de minhas pesquisas, publicado no jornal Saarbrücker, de Saarland, Alemanha, a 2 de fevereiro de 2011. No final está o link do blog sobre a memória do povo alemão no sul do Brasil.

Cemitérios alemães no sul do Brasil - Deutsche Friedhöfe in Südbrasilien

Criei um blog para postar pouco a pouco, todas as fotografias que fiz dos cemitérios alemães aqui do sul do Brasil. Ali, nas lápides de imigrantes e seus descendentes, encontra-se muita história sobre a sociedade de outrora; sobre as condições de vida das famílias, nomes e datas, pistas para montar esse quebra-cabeça histórico que é o estudo dos imigrantes, de suas famílias e das localidades fundadas por eles.

No blog postei até o momento, imagens dos cemitérios de Walachai, Morro Reuter, Presidente Lucena, Feliz, Dois Irmãos, Novo Hamburgo, Nova Petrópolis e Sapiranga.

Há lápides de integrantes das seguintes famílias: Blume, Bohn, Dexheimer, Diefenthäler, Engel, Schneider, Lehn, Seewald, Führ, Simon, Kilpp, Kaefer, Noll, Weissheimer, Mentz, Maldaner, Mombach, Ledur, Hartmann, Rohr, Wedig, Schwantes, Michaelsen, Roloff, Link, Wittmann, Schabarum, Korndörfer, Ebling, von Hohendorff, Schütz, Schmitt, Jost, Schönardie, Knorst, Volkweis, Backes, Knapp, Selbach, Bartzen, Heck, Hartz, Heldt, Wolf, Zirbes e Kampff.

O link é: http://cemiteriosalemaes.blogspot.com/
A publicação dessas fotos, mesmo que num blog, é uma forma de preservar um pouco a história de nossos ancestrais. Algumas imagens já publiquei no meu segundo livro, com o título "A simbologia oculta nos cemitérios". Onde expliquei um pouco sobre o simbolismo de outrora, encontrados nas esculturas antigas feitas nos túmulos dos pioneiros.
A foto acima é do cemitério de Travessão (Schwabenschneiss, a antiga Picada dos Suábios) no interior do município de Dois Irmãos (Baumschneiss, a antiga Picada dos Baum).

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Carlos Hennemann - Juiz de Paz do município de Dois Irmãos

Carlos Hennemann nasceu em Dois Irmãos, a 27 de agosto de 1850. Era filho de Wendelino Hennemann e Ângela Schneider. Foi batizado a 27 de agosto do mesmo ano, pelo padre missionário, Agostinho Lipinski, na antiga capela de Dois Irmãos, que foi demolida para a construção da capela de 1870 (hoje antiga igreja católica do município).

Carlos Hennemann era neto materno de Peter Schneider (rico imigrante, estabelecido primeiramente em Sapiranga, que fundou a Picada Schneider e a dividiu em diversos lotes para seus descendentes). Hennemann iniciou seu trabalho como agricultor em Dois Irmãos. Sua mãe faleceu jovem e seu pai casou novamente e emigrou para a nova colônia de Lajeado. Carlos Hennemann casou com Catharina Boll e permaneceu na Picada dos Suábios, hoje Travessão, interior de Dois Irmãos.

Ainda muito jovem, iniciou a compra de terras de outros colonos com seu sogro José Boll. A primeira propriedade foi comprada da família Blos no ano de 1870. Em 1871 os dois compraram terras dos Küchler e seguiram investindo o capital em propriedades, as maiores compras foram efetuadas em 1874 e 1882.

Além de agricultor, Hennemann teve um alambique, onde produzia cachaça para os colonos. Na década de 1880, Carlos foi nomeado Juiz de Paz. Nos anos 1880 e 1890 ele investiu seu dinheiro em títulos do Banco Industrial dos Estados do Sul, com sede no Rio de Janeiro e na compra de novas propriedades. Na década de 1890, Carlos Hennemann já era considerado o homem com mais posses no município.

Ainda na década de 1890, Hennemann investiu junto com 25 moradores de Dois Irmãos, nas ações da Tipografia do Centro, Editora ligada a imprensa católica, sobre coordenação do jornalista imigrante, Hugo Metzler. Em 1893, Hennemann constava na nominata de candidatos e apoiadores ao “Zentrumspartei”, Partido do Centro, ligado aos católicos alemães e aos jesuítas, que elegeu como deputados naquele ano, Jacob Kroeff Filho e o Cel. Frederico Link.

Em 1899 Carlos foi nomeado subdelegado de polícia de Dois Irmãos, na época 4° distrito de São Leopoldo. Hennemann foi renomeado em 1907. Em 1906 Carlos viajou para a Alemanha, para cirurgia de catarata, feita em Munique no mesmo ano. Carlos viajou com seu filho Vicente, que foi vereador pelo distrito de Dois Irmãos, representando a população na Câmara de Vereadores de São Leopoldo.

Em novembro de 1916, Hennemann foi diretor, juntamente com José Carlos Wickert e Nicolau Rausch, da Sociedade Escolar de São Miguel dos Dois Irmãos. Faleceu em 11 de janeiro de 1918.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

João Heck Sobrinho - natural de Bom Princípio

A história do agricultor, moleiro e professor de Bom Princípio, que emigrou para a mata virgem na Argentina, no início do século XX.

Nascido em 1868 em Bom Princípio, João Heck Sobrinho era o filho mais velho de Jacob Heck e Catharina Noll. Seu pai era agricultor e moleiro na localidade de Arroio das Pedras, interior de Bom Princípio, possuía moinho e fazia farinha de mandioca. Como a produção era grande, João era o braço direito do pai que também trabalhava com escravos, que moravam na propriedade da família.

Mesmo com a lei de 1850, que proibia alemães e seus descendentes de terem escravos, era comum encontrar famílias de muitas posses, comerciantes, moleiros e proprietários de extensas áreas de terras, possuindo escravos. A relação entre eles variava em cada família. Heck foi criado com os escravos do pai, dois deles eram muito próximos e conheciam perfeitamente o idioma alemão.

João que era conhecido como “Heck Hannes”, casou com Carolina Schneider em 1892. Nessa época ele ainda ajudava o pai no moinho, era agricultor e lecionava na pequena escola de Arroio das Pedras. Quando não havia professor na localidade as pessoas com mais informação eram aqueles que se dedicavam ao ensino, muitas vezes de forma gratuita.

João e Carolina tiveram 10 filhos, quando nasceu a 11°, Paula, Carolina faleceu depois do parto. Ele casou novamente com Paulina Junges, em Arroio das Pedras nasceram os primeiros sete filhos do casal. Em 1922, quando o pai já havia falecido e a mãe emigrado com três de suas irmãs para Cerro Largo, Heck também emigrou, porém, foi mais além que todos eles. Viajou até as Misiones (Missões Argentinas, na época uma região de matas virgens, destino de muitos colonos alemães) e se estabeleceu em Mbopicuá.

Em Mbopicuá nasceram mais 4 filhos, ao todo Heck teve 22 filhos. Quando Heck emigrou, alguns filhos já eram casados, mas apenas um permaneceu na região, em Montenegro, onde deixou descendentes. Para tirar a mata virgem da região, Heck fundou uma serraria com seus filhos e genros.

Em 1936 Heck teve apendicite, na época não era feita cirurgia, seus filhos o colocaram em uma maca e andaram quilômetros até o outro lado da divida, no Paraguai, onde havia um médico. Diagnosticado o problema, o médico lhes disse que seu pai teria apenas 48 horas de vida. Heck faleceu em 28 de janeiro de 1936, aos 67 anos, 3 meses e 22 dias. Heck foi o primeiro a ser enterrado no cemitério de Mbopicuá, interior da localidade de Puerto Rico, ali perto, junto com os filhos, ele havia construído uma capela de madeira anos antes, chamada de “Capilla de la Virgen de Mbopicuá”.

Seus 22 filhos lhe deram 96 netos e hoje mais de 700 pessoas no Brasil, Argentina e Paraguai. Um dos mais conhecidos descendentes de Heck, é o Pe. Alfonso Heck, que nasceu na Argentina, estudou na Itália e trabalhou na Alemanha com o papa Bento XVI quando ele era Arcebispo de Munique e Freising no final da década de 1970.



Foto mais antiga do imigrante João Heck Sobrinho, na foto tirada no início do século, está com a segunda esposa e seus 12 primeiros filhos em Arroio das Pedras, interior de Bom Princípio. Uma curiosidade, com filhos do primeiro e segundo casamento, Heck já contabilizava na época, três pares de filhos gêmeos. As moças mais velhas nas extremidades da foto. Os rapazes pequenos, uma a esquerda do pai e o outro a direita da mãe e um dois bebês gêmeos, um no colo da mãe e outro no colo do pai.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Professor Jacob Jaeger

Natural de São José do Hortêncio, Jacob Jaeger (*1857+1943) era filho do imigrante Franz Adolph Jaeger e de Catharina Elisabeth Schuck. Seu pai Adolph, foi o primeiro professor da família, iniciando suas atividades como educador no município de Feliz, onde fundou uma das primeiras escolas da localidade, no interior de sua casa.

Jacob morou no Vale do Caí nos primeiros anos de vida, ainda pequeno, acompanhou os pais e irmãos que emigraram para Porto Alegre em busca de melhores perspectivas de vida. Seu pai também trabalhava com arames, já que a renda como professor era pequena para o sustento de toda a família.

Nos anos iniciais Jacob ajudou o pai e seus três irmãos, Jorge, João Batista e Henrique. Mais tarde, os quatro foram estudar no Instituto de Educação de Porto Alegre. Jacob foi um dos primeiros professores do Estado, em seus primeiros anos de trabalho, retornou ao Vale do Caí onde casou com Anna Reichert (Também natural de São José do Hortêncio) em 1881.

Jacob foi professor em São Vendelino e residiu muitos anos em São Sebastião do Caí, onde possuía um pequeno atelier fotográfico. A casa em que morava era muito antiga, as fotos eram reveladas no porão. Depois de mais de dez anos no Vale do Caí, onde nasceram seus primeiros filhos, Jacob foi transferido para Nova Petrópolis.

De Nova Petrópolis, Jacob foi transferido para Picada São Paulo, interior de Morro Reuter onde lecionou por muitos anos. Mesmo distante na época, Jacob tinha proximidade com a região, seus pais moravam com sua irmã Maria Jaeger no Vale do Caí. Maria foi a primeira professora de Bom Princípio.

Quando se aposentou, Jaeger passou a residir em São Leopoldo. Pertencia a uma família de religiosos e educadores, todos os irmãos de Jacob eram professores. 5 de seus 10 filhos também se dedicaram ao ensino. O professor Jaeger faleceu em 1943. Em sua homenagem há uma escola com seu nome em Pinhal Alto, Nova Petrópolis, e uma rua com seu nome no município de São Leopoldo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011